Antelóquios

  O que são exatamente Antelóquios? De acordo com o dicionário:

antelóquio: do Lat. anteloquiu; s. m., aquilo que se diz antes; prefácio; prólogo.

No caso, Antelóquio nada mais é que um exercício literário simples. Pega-se uma notícia real, disponível aos borbotões na Internet, e cria-se uma ficção anterior ao fato narrado. Só isso. Não há compromisso com a verdade. Não há preocupação com os envolvidos. Simplesmente é utilizado um fato real para inspirar uma narrativa fictícia. Gostou da idéia? Faça um Antelóquio e me mande. Quem sabe eu não coloco aqui, junto com os meus? Notícias bizarras acontecem todos os dias, apenas aguardando que alguém inspirado as aproveite. Quer exemplos? Abaixo segue uma sequência de Antelóquios criados por mim.

ATENÇÃO: Todos os textos aqui expostos são trabalhos de FICÇÃO. A responsabilidade pela veracidade dos fatos das notícias referidas é totalmente dos veículos apontados. Caso a exploração de alguma notícia ofenda ou difame alguém pessoalmente, peço que entre em contato comigo, que ela será imediatamente retirada.
 


Thursday, March 17, 2005

TRAGÉDIA URBANA EM SEIS ATOS

© Alexandre Fernandes Heredia


Um.

Não deu tempo nem de reagir. Foi no susto. O cara disse alguma coisa e atirou. Nelson não entendeu o que foi, apenas ouviu o estampido e a queimação em sua perna direita.

Dois.

De alguma maneira ele conseguiu ficar de pé. Clique de engatilhamento, mais um estampido, muita fumaça. O calor agora veio em seu braço esquerdo. Quem era aquele cara?

Três.

Em pânico, Nelson virou e tentou correr. A perna baleada fraquejou, mas ele manteve o equilíbrio parcialmente. Sua mente não conseguiu se concentrar em outra coisa além da fuga, mas seus ouvidos captaram um novo engatilhar. Suas costas desprotegidas receberam o impacto. Estacou por um instante, o sangue escorrendo pelos ferimentos semi-calcinados. Ainda de pé, deu mais dois passos vacilantes.

Quatro.

Era seu fim, ele sabia. Quando o novo impacto veio em seu único braço bom ele percebeu que iria morrer, independentemente do que fizesse. O que ele tinha feito para merecer aquilo? Sempre foi um cara calmo, tranquilo, nunca se meteu em encrenca.

Cinco.

Mais um impacto em suas costas. Sentiu o pulmão se encher de sangue. A garganta se inundou com o líquido borbulhante de suas veias destroçadas. Tentou falar, mas sua garganta só emitiu um gorgolejo repugnante. Quem era aquele cara?! O que ele tinha feito para ser executado daquela maneira? Era a primeira vez que ele vinha até o Jacarepaguá, e isso por causa de uma porcaria de um ônibus errado!

Seis.

Mesmo que os pulmões não estivessem inundados, ele não conseguiria falar mais nada, pois o sexto impacto destroçou sua garganta. Finalmente sem forças, Nelson caiu, rosto no asfalto. Sua mente nublada ainda ouviu o assassino apertar o gatilho mais duas vezes, mas aparentemente a munição havia acabado. Ouviu ainda uma outra voz gritando "Vâmu, vâmu, sujou, não é o cara!", mas seu corpo não reagia mais. Fechou os olhos, e pensou em sua mulher, grávida de 3 meses, que teria que criar seu filho sozinha no mundo. Tudo por causa da porcaria de um ônibus errado.

Descubra o final da história em:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI451866-EI316,00.html