Antelóquios

  O que são exatamente Antelóquios? De acordo com o dicionário:

antelóquio: do Lat. anteloquiu; s. m., aquilo que se diz antes; prefácio; prólogo.

No caso, Antelóquio nada mais é que um exercício literário simples. Pega-se uma notícia real, disponível aos borbotões na Internet, e cria-se uma ficção anterior ao fato narrado. Só isso. Não há compromisso com a verdade. Não há preocupação com os envolvidos. Simplesmente é utilizado um fato real para inspirar uma narrativa fictícia. Gostou da idéia? Faça um Antelóquio e me mande. Quem sabe eu não coloco aqui, junto com os meus? Notícias bizarras acontecem todos os dias, apenas aguardando que alguém inspirado as aproveite. Quer exemplos? Abaixo segue uma sequência de Antelóquios criados por mim.

ATENÇÃO: Todos os textos aqui expostos são trabalhos de FICÇÃO. A responsabilidade pela veracidade dos fatos das notícias referidas é totalmente dos veículos apontados. Caso a exploração de alguma notícia ofenda ou difame alguém pessoalmente, peço que entre em contato comigo, que ela será imediatamente retirada.
 


Wednesday, March 29, 2006

Emboscada

por Alexandre Heredia

Shirley desligou o motor de seu velho carro e suspirou. Pela janela observou a rua típica de periferia americana, com seus sobrados e jardins de cercas brancas. Sempre sonhou em possuir uma daquelas, mas infelizmente não era por aquele motivo que estava lá. Tirou os tênis e trocou-os pelos sapatos de salto que combinavam com o vestido. Do painel do carro recolheu o retângulo de metal com seu nome, que espetou em sua blusa. Puxou o retrovisor e verificou a maquiagem. Aparentemente nada fora do lugar.

"O que eu fiz de tão errado?", perguntou-se, enquanto olhava a pequena valise no banco do passageiro. O logotipo "AVON" parecia zombar dela. Diploma universitário, pós graduação, cinco anos de experiência corporativa, e de repente lá estava ela, precisando daquele tipo de bico para sobreviver. Um só revés e sua vida virou do avesso. Garota "AVON Chama". Ninguém merece.

Mas não adiantava ficar daquele jeito. Aceitara se sujeitar, não tinha porque se acovardar na última hora. Passou a noite inteira estudando a brochura que lhe foi fornecida. Se considerava, sem falsa modéstia, uma especialista em unhas e tipos de esmalte. Era naquilo que se focaria, aquele seria seu porto seguro. Só precisava sair do carro.

Abriu a porta e saiu para a calçada. Antes que conseguisse trancar a porta ouviu um farfalhar em uma sebe próxima. Virou-se, assustada, mas não viu nada. Sentiu-se uma estúpida. "Com medo do vento, Shirley?". Sacudiu as chaves, tentando novamente trancar a porta. Mas então ouviu um rosnado baixo, quase imperceptível, e o mato da sebe se moveu novamente. Agora não era o vento. Novo ruído, o rosnado mais alto. E se fosse um cachorro raivoso? Morria de medo de cachorros! Em pânico, enfiou a chave na fechadura da porta do carro e girou-a. Puxou a maçaneta e a porta não se mexeu. O ruído era bastante alto agora, impossível de não perceber. Ela tremia. Enfiou novamente a chave e desta vez conseguiu destrancar a porta. Mas assim que escancarou-a, um silvo chegou a seus ouvidos, e um baque atingiu suas costas. Gritou. Não era um cachorro!

O que era?! Hein? Hein?
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